dimanche, janvier 28, 2007

Eterna pressão de ser engraçado

Desenhava em seu rosto um sorriso tão falso como o de Gioconda, obra-prima do grande mestre Leonardo Da Vinci. Estava sentado ali, pintando sua face como se nada estivesse acontecendo.

Olhava no espelho, com sua maquiagem toda peculiar, e não se reconhecia. Fazia anos que trabalhava naquilo, e adorava seu trabalho. Naquela noite, entretanto, queria estar em qualquer lugar que não fosse aquele.

Levantou-se mais uma vez e se dirigiu ao picadeiro, ensaiando algumas de suas falas. Bastou que ele fechasse a porta para que seu celular começasse a vibrar, havendo recebido uma mensagem que dava conta do triste destino de sua filha, que estava internada no hospital fazia mais de um mês.

Lá estava ele de novo, diante da platéia, sofrendo a pressão de ser eternamente engraçado e feliz. Mais uma vez o respeitável público ria e aplaudia, enquanto o coração do pobre palhaço deitava-se em lágrimas.

1 commentaire:

Isabel. a dit…

Profissão esquisita, essa de palhaço: fazer os outros rirem, independendte do prórpio estado de espírito.

Na ficção, isso é encantador. Um alguém que se importa mais com os outros que consigo mesmo, quase um mártir, merece aplausos.
Mas na realidade, é o papel claro da depressão, de quem precisa de ajuda, porque não mostra as emoções que sente e se esconde numa ilusão: a maquiagem do palhaço.

*e respondendo ao seu comentário, você está entre os que escrevem textos curtos. ;)