Desenhava em seu rosto um sorriso tão falso como o de Gioconda, obra-prima do grande mestre Leonardo Da Vinci. Estava sentado ali, pintando sua face como se nada estivesse acontecendo.
Olhava no espelho, com sua maquiagem toda peculiar, e não se reconhecia. Fazia anos que trabalhava naquilo, e adorava seu trabalho. Naquela noite, entretanto, queria estar em qualquer lugar que não fosse aquele.
Levantou-se mais uma vez e se dirigiu ao picadeiro, ensaiando algumas de suas falas. Bastou que ele fechasse a porta para que seu celular começasse a vibrar, havendo recebido uma mensagem que dava conta do triste destino de sua filha, que estava internada no hospital fazia mais de um mês.
Lá estava ele de novo, diante da platéia, sofrendo a pressão de ser eternamente engraçado e feliz. Mais uma vez o respeitável público ria e aplaudia, enquanto o coração do pobre palhaço deitava-se em lágrimas.