dimanche, août 27, 2006

Leitura

Caminhava por aqueles corredores lotados. Todos procuravam por um livro para comprar. Ele, no entanto, preferia observar as pessoas. Sentia uma felicidade imensa ao ver tanta gente, das mais diversas classes, buscando avidamente o universo da leitura. A satisfação enchia o seu peito.

Caminhava e via, de um lado, a pessoa mais simples vinda de um bairro pobre da capital, e do outro o Deputado Federal, acompanhado do Vice-Prefeito. Estavam todos dividindo aquele mesmo espaço, e buscavam a mesma coisa: deleitar-se com as palavras de algum escritor talentoso.

Caminhava e observava. Notou algumas crianças, sentadas no chão ouvindo histórias, e via ali o futuro do Brasil sendo construído. Nos olhos de cada criança via o brilho. Naquele exato momento os contadores de histórias despertavam nos pequenos o interesse pela cultura, escrita e leitura. Ele sabia que aquelas crianças estavam fadadas ao sucesso. Mais uma vez a felicidade inflou seu coração.

Caminhava e olhava as prateleiras, para ver se achava ele também um bom livro para tomar-lhe as horas do dia. Depois de tanto procurar, e de observar as pessoas, que brincavam e se divertiam com as páginas das obras literárias, achou o que queria. Voltou para casa com a certeza de que vira um dos fenômenos mais bonitos que poderia imaginar, e num local tão pouco provável. Tinha certeza de que ali vira o nascer do futuro da nação. E como estava feliz.

Comédias de uma vida cada vez mais literária.

dimanche, août 20, 2006

Brincando com os cabelos

Adorava a sensação de ter o corpo dela deitado sobre o seu, com aquela linda cabeça repousando sobre seus ombros. Brincava com seus dedos entre os cabelos dela. Sentia aquele perfume maravilhoso. Nunca se sentira tão feliz.

dimanche, août 13, 2006

Corações no Caderno

Ela estava de costas para ele. Seus cabelos negros pousavam formosamente sobre os ombros. Os seus cachos assemelhavam a pequenos pedaços do éden. Embora não pudesse ver, perdia-se imaginando aquele sorriso que já tinha vislumbrado diversas vezes. E como desejava que todos os sorrisos dela fossem só para ele.

O professor lhe chamava a atenção mais uma vez. Como podia ele se concentrar na aula, quando estava sentado bem atrás daquela menina que já era seu amor platônico há 6 meses? Será que o professor não podia entender aquilo? Ele só conseguia pensar nela, desde que acordava até a hora de dormir.

Olhou para a porta e lembrou-se como ela ficava linda ao entrar na sala, com o sol às suas costas, desenhando aquela belíssima silhueta, a fazendo brilhar como a de um anjo. A visão mais bela que alguém poderia ter.

E aquele perfume que ela usava? Parecia com jasmim combinado com tulipas. Por certo ele nunca sentira um cheiro tão agradável.

Não conseguia se concentrar na aula. O seu transe só foi quebrado quando o caderno dela caiu no chão, fazendo um barulho forte. Ele, como cavalheiro que era, apanhou-o e o entregou, mas não sem antes perceber algo que fez seu coração pular de alegria. Nas pontas das folhas haviam sido desenhados diversos corações, de todas as cores, com as inscrições dos nomes deles em cada um. Levantou a vista, entregou o caderno, tocando levemente os dedos de sua amada com os seus, sorrindo. Ela correspondeu o sorriso. Seu rosto era tão bonito.

Comédias de uma vida cada vez mais apaixonada.

dimanche, août 06, 2006

Lua de Mel

Estava sentado no quarto do hotel, admirando sua esposa. Haviam acabado de se casar, e fazer aquela viagem era um sonho antigo para ambos. Estava muit feliz.

Lembrou-se de quando a pediu em casamento. Recordou de quando escolheram o destino. Tinha na memória os minutos mágicos logo após a chegada deles àquela cidade. Era tudo mágico.

Olhava pela janela, admirando a beleza da cidade.

De repente, um barulho extranho invade o quarto. Parece uma sirene. Ele procurava por uma ambulância ou carro de polícia passando na rua, mas não viu nada. Quando levantou seus olhos, conseguiu divisar uma formação nebulosa peculiar. Parecia se prolongar no céu. Quando percebeu, era tarde demais. O seu hotel havia sido atingido por um míssil. Morreu ali mesmo, junto de sua esposa, no seu terceiro dia de casado. Os dois, como tantos outros, foram vítimas civis que passavam por Beirute.

Comédias de uma vida cada vez mais triste, em função da guerra.