vendredi, août 29, 2008

O Dia do Soldado

O dia do soldado, passado recentemente, nos impõe uma profunda reflexão sobre a situação das Forças Armadas Brasileiras e na profissão do militar.

Na última terça-feira foi publicada uma reportagem no jornal “O Povo” tratando da situação deplorável do maquinário da nossa Marinha de Guerra. Constatou-se absurdos, tal como termos apenas 1 dos aviões A4 em condições de funcionamento, no porta-aviões Minas Gerais, enquanto assistimos atônitos os anúncios governamentais de descobertas de campos de petróleo gigantesco. O mais trágico é que sabemos que não quem os proteja.

Infelizmente essa situação deplorável não está adstrita somente à Armada. A nossa gloriosa Força Aérea Brasileira também está sucateada. Todos lembramos do episódio em que um avião AT-26 Xavante caiu “de podre” nas matas que dividem a parte administrativa da Base Aérea de Fortaleza e do então 1º/4º Grupo de Aviação, que ficava onde hoje fica o 1º/5º GAv. O que poucos sabem é que, pouco depois do acidente, foram vistoriadas as outras aeronaves, constatando-se que apenas 2 dos 27 Xavantes estavam em condições de operar. Os meus colegas do Colégio Militar de Fortaleza, onde tive a distinta honra de ser Comandante do Grêmio Santos Dumont, entidade dedicada à propagação dos ideais da FAB no CMF, brincavam dizendo que o inimigo não precisava se preocupar em gastar mísseis contra os aviões brasileiros. Eles caiam sozinhos.

Em situação igualmente alarmante encontra-se o Exército Brasileiro. Nossa Força Terrestre ainda hoje utiliza canhões da época da 2ª Guerra Mundial. Recordo-me de certa época em que as guarnições do Exército passaram a funcionar apenas meio período. É que assim, a Força economizava o dinheiro que seria gasto com a ração dos soldados. Devemos recordar ainda que os carros de combate brasileiros estão em situação lamentosa, completamente ultrapassados, representando muitas vezes perigo à vida dos bravos soldados, sempre dispostos a oferecer seu braço forte e sua mão amiga.

Entretanto, no meio de tanta penúria, podemos salvar uma coisa: o soldado brasileiro, que ama seu povo e as cores da bandeira brasileira, jurando nunca permitir que esta seja desonrada, e que está disposto a alegremente dar sua vida em nome da honra e da glória do Brasil.

Infelizmente o povo brasileiro não está pronto para amar em igual intensidade o seu soldado. Sejamos sinceros; se perguntarmos nas ruas, muitos saberão quem é o General Dwight D. Eisenhower, mas poucos reconhecerão o nome do Marechal Mascarenhas de Moraes, comandante da Força Expedicionária Brasileira. Poucos saberão dizer que os bairros Montese e Monte Castelo tem esse nome em homenagem a grandes batalhas travadas pelos pracinhas em sua luta para libertar a Itália.

Esse é o drama do nosso soldado. Amar um país que não o ama, e se armar apenas com a coragem, o espírito guerreiro e as armas obsoletas e carcomidas pelo decurso do tempo.

Valorizemos nossos soldados, pois, como diz um celebre ditado que ecoa na caserna, as Forças Armadas podem passar um século sem ser acionadas, mas não podem passar um minuto sem estarem preparadas.

jeudi, août 07, 2008

Se eu fosse mulher

Certa vez lia um texto que me levantou uma imensa dúvida, um questionamento pelo qual todo homem deveria passar: e se eu fosse mulher?

Aquela dúvida começou a me fazer viajar, lembrar de antigos relacionamentos meus, de amigos, de parentes, até achar alguma resposta que fosse o mínimo convincente.

E se eu fosse mulher? Pois bem. Se eu fosse mulher, eu não aceitaria qualquer presente. Eu só iria aceitar as roupas mais caras, as mais belas jóias e mimos, porque, como mulher, eu sei que mereceria.

Se eu fosse mulher, com certeza seria muito vaidosa, me preservando sempre para meu homem.

E falando nele, também, com ele, não seria cheia de pudores. Deitar-me-ia nua com ele, e ouviria alegremente a musica que emanasse de seu ventre.

Se eu fosse mulher, me dedicaria ardorosamente à família, como só uma mulher consegue fazer.

Se eu fosse mulher, andaria com toda graça, mas sem a futilidade de algumas, para que todos me olhassem, admirados com a graciosidade, e ainda assim surpresos.

Mas não sou mulher. E o que posso fazer é apreciá-las, como gênero, e, entre elas, amar aquela que escolhi, em toda sua singularidade.

Homenagem ao grande poeta e professor, o imortal Dimas Macedo.

mercredi, juillet 30, 2008

Apenas me sentir um pouco melhor

Minha cara,

Ultimamente venho me sentindo muito perdido, sabe? É que as coisas estão tão diferentes do que eu planejei. Parece que eu fiz algo errado e agora é como se um dia fosse igual ao outro, sempre com o mesmo medo e sofrimento. Eu passo o tempo inteiro pensando “meu Deus, como eu preciso de uma mudança”. O chato é que a mudança nunca vem.

Eu sei que eu tenho que deixar pra lá, afinal as coisas acontecem sempre por algum motivo, mesmo que a gente não saiba qual é. É que eu nunca tinha encantado alguém, não da forma que aconteceu, pelo menos, e agora eu preciso de sua ajuda, preciso que você me diga o que fazer.

Lhe procuro porque ninguém mais me entende. Todos vêm um rosto sorridente, mas ninguém, além de você, minha cara, percebeu que minha alma chora por dentro.

Eu tou cansado de me segurar à coisas do passado, sabe? Às vezes fica difícil de ver através dessa bruma que fica ao meu redor. Dessa vez preciso de ajuda, e estou aqui, pedindo pra você.

Espero, profundamente que minha cara possa me ajudar. Você sabe que eu farei de tudo, contanto que me sinta um pouco melhor.

Atenciosamente,

Steven.

Off: Um doce para quem adivinhar a musica em que este texto se baseou. Dica: o Santana toca guitarra nela.

dimanche, juillet 20, 2008

O pai

Ele era um sujeito que sempre teve tudo na vida. Tinha um pai rico, que sempre fazia tudo por ele, mas, como todo filhinho de papai, nunca estava satisfeito com o que tinha.


Um dia resolveu tomar coragem de fazer o que sempre quis. Arrumou as malas e foi embora. Seu pai, bondoso como não poderia deixar de ser, resolveu lhe dar sua parte da herança, para que ele pudesse iniciar bem sua vida longe de casa.


Ele ficou sozinho, e isso foi bom. Por um tempo, pelo menos. É que o garoto até tinha tino para os negócios, mas tinha duas fraquezas fundamentais para a ruína de todo homem: uma paixão impagável pelas cartas e uma voracidade igualmente mortal pelas pernas das mulheres.


O garoto montou vários negócios, mas nenhum vingava, já que suas noitadas de poker, sempre regadas a cervejas e beijos de prostitutas eram extremamente caras, e ele sempre acabava gastando o que não tinha.


Por fim, veio a miséria. O garoto acabou virando empregado de uma padaria que ele mesmo montou e vendeu há alguns anos. Ele se via com fome, e pensava em saciá-la comendo os restos que alguns clientes deixavam pelo balcão. Ao pensar nisso, lembrou-se de seu pai, e como seus empregados eram bem tratados. Resolveu então voltar para casa

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No caminho, ensaiou o discurso várias vezes. “Eu não sou digno de ser seu filho. Trate-me como um de seus empregados” ele pensava. Mas nunca chegou a falar o que planejava. “Meu filho, que era morto, voltou a viver”, dizia o pai, enquanto levantava uma taça do mais caro vinho, aberto em homenagem à sua prole, que voltava para o lar.


Comédias de uma vida nem sempre comedida.

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Boa noite pessoal. Como vocês podem ter notado, eu também sou o filho (não tão pródigo) que a casa torna. Espero também ser recebido de braços abertos nessa minha retomada literária depois de quase um ano de abandono destas paginas. Só espero que vocês, leitores, sejam tão misericordiosos quanto o pai.


Uma boa noite e boa semana para todos.