dimanche, janvier 29, 2006

Tragédia

Tinha passado horas no bar, depois de ter recebido um telefonema trágico.

Uma loura escultural que há muito o vinha observando finalmente tomou coragem e o abordou no balcão:

- Olá. Está sozinho aqui?

Ele, parecendo conter o choro, apenas disse, com uma ríspidez que por certo a garota não merecia:

- Minha esposa, grávida de sete meses, faleceu há poucas horas. Sinceramente não estou a fim de conversar.

Dito isto, apenas levantou e se retirou do local. Embora estivesse completamente bêbado, entrou em seu carro e chegou são e salvo em seu apartamento. No caminho lembrava de cada detalhe do momento em que recebeu a maldita ligação. Procurava esquecer que justamente naquela manhã, dentre tantas outras manhãs, tinha brigado com sua esposa. Se ao menos pudesse dizer que a amava. Se ao menos soubesse o que ia acontecer...

Sua sala estava tão grande, seu quarto tão triste. Sentou-se na cama e colocou-se a observar a janela, tendo sua mente bêbada inundada por pensamentos que preferia não ter. A culpa o consumia. Achava que aquilo tudo tinha ocorrido por causa dele.

Lembrou-se de uma arma que seu tio o havia dado havia muitos anos, e que estava guardada na gaveta do criado-mudo. A pegou. Ela parecia estar carregada. A única coisa que pensava era "Te amo, amor. Te amo tanto".

1 commentaire:

Anonyme a dit…

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