Chegou na sua casa vitorioso. Seu cliente, um grande figurão da cidade, havia sido absolvido da acusação. Todos davam o caso como perdido, mas o seu talento o fez vencer. Foi muito bem pago pelo serviço, e fez por merecer. Na outra manhã seu nome estaria estampado no jornal. Devia estar feliz. Devia... mas não estava.
Lembrou-se de ter visto as fotos da cena do crime. A vitima, uma mulher, estava morta, no chão, com um tiro na cabeça. Havia também uma criança, com perfuração de bala na têmpora esquerda. Eram a única família do réu.
Lembrou-se de ler no laudo pericial que as digitais de seu cliente estavam na arma.
Lembrou-se de uma audiência anterior, onde uma testemunha chave deu seu depoimento. Mas nada do que ela falara era verdade. Tudo era forjado para obter um álibi, e ele sabia disso.
Lembrou-se de que há poucas horas sustentou no tribunal do juri a versão de seu cliente, sabendo que tudo não passava de uma grande mentira.
Lembrando de tudo isso percebeu o quanto sua consciência pesava. Vendera sua alma naquela tarde. Admirava a rua do alto de seu prédio. Deserta, vazia, como a vida daquele homem naquele instante. Não aguentou e despencou do alto de toda sua arrogância, atingindo o chão como que a uma pedra, abrindo mais um buraco no asfalto. Por certo ganhou a manchete jornalística que lhe fora prometida para a manhã seguinte.
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2 commentaires:
hehehe.que visão pessimista da advocacia!
Reze pro Cândido não ler isso.. se não vai ser igual ao caso do padre o do bêbado lá em Juaz do Norte.
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