dimanche, juillet 20, 2008

O pai

Ele era um sujeito que sempre teve tudo na vida. Tinha um pai rico, que sempre fazia tudo por ele, mas, como todo filhinho de papai, nunca estava satisfeito com o que tinha.


Um dia resolveu tomar coragem de fazer o que sempre quis. Arrumou as malas e foi embora. Seu pai, bondoso como não poderia deixar de ser, resolveu lhe dar sua parte da herança, para que ele pudesse iniciar bem sua vida longe de casa.


Ele ficou sozinho, e isso foi bom. Por um tempo, pelo menos. É que o garoto até tinha tino para os negócios, mas tinha duas fraquezas fundamentais para a ruína de todo homem: uma paixão impagável pelas cartas e uma voracidade igualmente mortal pelas pernas das mulheres.


O garoto montou vários negócios, mas nenhum vingava, já que suas noitadas de poker, sempre regadas a cervejas e beijos de prostitutas eram extremamente caras, e ele sempre acabava gastando o que não tinha.


Por fim, veio a miséria. O garoto acabou virando empregado de uma padaria que ele mesmo montou e vendeu há alguns anos. Ele se via com fome, e pensava em saciá-la comendo os restos que alguns clientes deixavam pelo balcão. Ao pensar nisso, lembrou-se de seu pai, e como seus empregados eram bem tratados. Resolveu então voltar para casa

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No caminho, ensaiou o discurso várias vezes. “Eu não sou digno de ser seu filho. Trate-me como um de seus empregados” ele pensava. Mas nunca chegou a falar o que planejava. “Meu filho, que era morto, voltou a viver”, dizia o pai, enquanto levantava uma taça do mais caro vinho, aberto em homenagem à sua prole, que voltava para o lar.


Comédias de uma vida nem sempre comedida.

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Boa noite pessoal. Como vocês podem ter notado, eu também sou o filho (não tão pródigo) que a casa torna. Espero também ser recebido de braços abertos nessa minha retomada literária depois de quase um ano de abandono destas paginas. Só espero que vocês, leitores, sejam tão misericordiosos quanto o pai.


Uma boa noite e boa semana para todos.

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