lundi, septembre 04, 2006

Enquanto Escrevo

Quando sento diante do meu bom e fiel celeron para escrever algumas linhas, o mundo ao meu redor parece parar. Fecho-me para o mundo real, para dedicar minha atenção apenas ao que escrevo. Mas a verdade é que o mundo não para. Muitas coisas acontecem enquanto estou aqui, conversando com as musas que rodeiam todos os escritores, mesmo aqueles que, como eu, são apenas amadores.

Neste exato momento, quem sabe, não esteja outra pessoa também escrevendo. Talvez alguém esteja lendo uma nova crônica do Airton Monte no jornal e sorrindo um pouco? Quiçá essa mesma pessoa esteja hoje se interessando pelo belíssimo mundo da escrita, e um dia se tornará também um cronista.

Neste mesmo momento um casal se conhece no calçadão da Praia do Futuro, sem saber que o destino de ambos estará enlaçado para o resto de suas vidas. Ao lado deste mesmo casal passa um senhor fazendo cooper a noite, lembrando como gostava de fazer isso com sua mulher, quando ela ainda estava viva.

Enquanto estou escrevendo, um homem solitário também está a produzir algumas linhas de um documento todo especial. Está escrevendo a última carta, na mesa de sua linda sala-de-apartamento-da-beira-mar, após ter descoberto da pior maneira possível que sua esposa de fato estava dormindo com Escobar, amigo seu de longa data, e que ele conhecera ainda na época de seminário, quando ambos pensavam em ser padres.

Agora mesmo um candidato passeia por entre o povo, se fazendo passar por um deles, conversando, convencendo, comprando.

Neste minuto um jovem reencontra sua namorada virtual, e com ela troca juras de amor, fotos, telefones, sem nunca saber que ela mora na porta ao lado, e que ambos poderiam encontrar pessoalmente seu amor verdadeiro, se apenas tivessem a coragem de dar seus endereços, sem ter medo de na verdade estarem falando com um seqüestrador que quer apenas conseguir dados para perpetrar uma ação delituosa.

Enquanto escrevo, o romântico está buscando sua amada, a imaginando, deitificando, adorando, se enamorando, antes mesmo de conhecê-la. E ela está lá, esperando, com uma flor na boca, pronta para ser colhida por ele, que a guardará consigo em seu peito, sem nunca ser ferido por sequer um dos espinhos.


Em homenagem ao grande escritor Airton Monte.

1 commentaire:

Anonyme a dit…

Passei pra ver se o outro texto já tava pronto... Repare não, ansiosa e curiosa além da conta! Este já recebeu meus comentários.

Ah, tenho uma pergunta em relação à receita: vc não arranjaria uma pra quem não gosta de Roberto Carlos nem quer ter crianças?

abraço