samedi, avril 01, 2006

A Triste Vida do Limite

Muitos dizem que a poesia pode ser encontrada somente nas belas palavras que compõem um poema ou uma música. Alguns expandem esse conceito de forma a abranger um quadro ou escultura. Poucos são os que se atrevem a dizer o que vou dizer agora. Também há poesia na matemática.

Os matemáticos de mentes limitadas procuram sempre explicar o inexplicável, procurando acabar com a poesia de sua ciência. Tentam “enchatificar” o floco de neve, o enchendo de equações na vã tentativa de explicar aquilo que não está lá para ser explicado, mas sim admirado.

No entanto, debaixo dessa máscara de aborrecimentos criada por cientistas sem criatividade se esconde um universo tão fascinante quanto o das palavras.

O Pi, por exemplo, ao não repetir nenhum de seus números, reflete com imensa maestria a própria alma humana, complicada, irregular, desconcertante, e o faz de forma muito mais eficiente que muitos poemas.

Já o limite, coitado, tenta eternamente ser um número que não ele mesmo, sem nunca conseguir. Sofre eternamente na busca de ser alguém que na verdade não é. O limite, assim como o ser humano, tem inveja, quer ser o outro, esquecendo de si mesmo e de suas qualidades.

O limite mais invejoso é tão arraigado em nossa cultura que nem o percebemos: o próprio número da besta. Antigamente, quando você queria dizer que um número era infinitamente próximo de outro (e essa é a definição de limite) você o repetia três vezes. Assim, quando João disse em Apocalipse que “aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis”, disse na verdade que o número da besta quer ser o número da perfeição divina, o sete, sem nunca obter sucesso na sua empreitada.

Existe ainda a história do romance entre as retas paralelas, que por um infortúnio do destino só poderão se encontrar no infinito. Mesmo com esse gigantesco empecilho para o seu amor, não conseguem se distanciar uma da outra, permanecendo juntas até que finalmente possam se encontrar.

Os números são repletos de poesia, e da mais alta qualidade. Nós é que devemos estar mais atentos.

Comédias de uma vida cada vez mais matemática.

2 commentaires:

A.L. a dit…

Adorei a parte do Pi e, principalmente, a das paralelas.

Não seria comédias de uma vida cada vez mais poética? =)

Beijo

P.S.: Eu leio sempre, viu? Continue postando!

Anonyme a dit…

I say briefly: Best! Useful information. Good job guys.
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