dimanche, juin 18, 2006

Pôr-do-sol

Ele estava lá, admirando aquele belíssimo pôr-do-sol que só mostra sua real perfeição na Ponte dos Ingleses, em Fortaleza. Aquele tom de vermelho quase laranja colorindo o céu como uma verdadeira pintura de Monet, misturando-se com a cor dos verdes mares da praia de Iracema. Não podia pensar em alguma cena mais bonita em toda a sua vida. Estava tão absorto em sua observação que não percebeu que alguém estava ao seu lado direito, também admirando aquela imagem digna de uma aquarela.

Movido por uma intensa vontade e sem saber o real motivo, virou seu rosto o suficiente para perceber uma belíssima silhueta de uma mulher ruiva, branca, de estatura mediana, com o rosto afilado e tão familiar. Tinha reconhecido na hora a mulher por quem tinha sido apaixonado na sua infância e para a qual nunca teve coragem de contar o que sentia. Sempre admirou aquela beleza, que estava ali, parada ao seu lado, ainda perfeita, como ele lembrava, ressaltada por aquela obra divina que só pode ser visualizada num belíssimo fim de tarde na capital do estado do Ceará.

Finalmente tomou coragem e falou-lhe um envergonhado “oi”. Ficou tomado pela surpresa quando ela exclamou com muita felicidade em “olá” e abraçou-lhe fortemente. Sem que notasse, o perfume dos cabelos dela lhe encheu as narinas com um doce aroma de lírios brancos. Fechou os olhos, sem que ninguém percebesse, e lembrou-se de como adorava aquele cheiro.

Ficaram lá, observando o pôr-do-sol e conversando sobre tudo que tinha acontecido na vida de cada um desde que ambos pararam de se ver. O sorriso no rosto dos dois não negava a felicidade que cada um sentia.

As mãos dele começaram a ficar trêmulas. Finalmente havia decidido falar-lhe sobre sua paixão infantil, e que nunca havia contado pois achava que não tinha a menor chance com ela. As palavras fluíram de sua boca com uma imensa e impressionável facilidade, como se tivesse ensaiado por anos o que deveria falar. Ao ouvir o que ele tinha a lhe dizer, ela sorriu largamente, colheu-lhe as mãos e o beijou de como nunca beijara alguém antes, para depois por seus dedos no rosto dele e dizer que o amor dele era por ela correspondido. Contou-lhe que desenhava todos os dias no seu caderno um coração contendo o nome dos dois, e que o olhava durante a aula e suspirava. Ele apertou a mão dela mais uma vez e tocou os lábios dela com os seus, de uma forma que há muitos anos sonhara fazer.

Começaram a namorar naquele mesmo dia, e até hoje contam a quem quiser ouvir a sua história de amor.

Comédias de uma vida cada vez mais apaixonada.

4 commentaires:

Anonyme a dit…

Por que certas pessoas conseguem descrever tão bem uma passagem simples da vida, de tal forma que a gente suspira e pensa: "poxa, queria que tivesse acontecido comigo!" ...?

Poxa... queria que tivesse acontecido comigo! =)

Mari a dit…

E nada como começar algo com esse cenário.
Ao contrário de Isabel, n penso em que poderia te racontecido comigo mais que eu gostaria de estar lá, isso é inegável.
Boa semana!

mariella fassanaro. ou mari. ou ella. a dit…

já vivi parecido, sim.
lindo, lindo, meu deus.
mas eu não tinha o fim de tarde descrito aí; só faltou isso. :)

beijo pra ti, rocha.

Anonyme a dit…

Qual era a cidade???

De quem era a ponte???

Fortaleza + Inglaterra: A combinação perfeita