dimanche, juin 11, 2006

Felicidade

Estava lá, sentado no sofá, olhando pela janela para uma noite escura, como que esta refletisse sua própria alma. O céu estava nublado, assim como seu coração. Não podia parar de pensar nela.

A imagem de sua esposa na semana anterior não saia de sua cabeça. Ele a tinha visto numa tórrida cena de amor com um vizinho. Impossibilitado de fazer algo, virou-se de costas e deixou o apartamento, sem que ela sequer notasse sua breve presença.

Todos os dias daquela semana ele voltava para casa, a encontrava e se punha a chorar. Ela, sem saber o motivo, procurava o encorajar. “Amor, resolva esse problema que o aflige” dizia ela, sem saber a causa daquele choro todo.

A família dele o levou algumas vezes para fazer compras, coroando a máxima da sociedade consumista em que viviam, em que todos devem ser felizes 24 horas por dia, sob pena de não serem perfeitos. E ele permanecia lá, em sua tristeza, querendo que o mundo entendesse que ele não queria estar alegre. Simplesmente não queria.

Foi por certo a semana mais difícil de sua vida. Pensava se a sua vida teria valido a pena. Pensava o que fez de errado no seu casamento. Pensava o que ela via no outro. Pensava. Pensava. Pensava.

Enquanto isto, a fumaça fazia um suave desenho ao sair do cano de seu revolver.

3 commentaires:

Anonyme a dit…

Uma realidade trágica combinada com uma dinâmica interessante tornam o texto deveras apetitoso para o leitor. Os fatos são narrados com uma sequência que engatilha-se à ação posterior, tornando o conto coerente e harmonioso, e uma descrição necessária para estimular a imaginação de quem o lê. Muito bem Rocha, está ganhando minha admiração literária!Rs

Mari a dit…

Gostei! A sua forma de narração é ótima, conduzindo a imaginação perfeita de todas as cenas. Parabéns.
Lembou-me Nelson Rodrigues e logo depois um poema narrado sob fato real retirado de um jornal que infelizmente n lembro o autor.

Mari a dit…

Rápido!
História: Por meio de um conhecido em comum, parei no blog de kajuzinha(certas coisas só acontecem...), e vi o seu comentário qdo fui comentar e vim parar aqui.